Cor Negra
Falo da cor negra
Da negritude da noite
Onde cintilam a lua e as estrelas
Da negra cor dos olhos da criança,
Do esmalte da unhas,
Da graxa escorregadia,
Da terra adubada.
Falo da cor negra
Do batom que enfeita a boca,
Do negro dente estragado
E da dor lancinante.
Falo da cor negra
Da roupa que festeja a vida,
Que chora a morte
Na moda do corpo.
Falo da cor negra
Do brinco, do cordão e do anel
Na elegância da vestimenta.
Falo da cor negra
Do sapato, da bolsa, da calça,
Da meia e da meia-calça.
Falo da cor negra
Que aqui chegou nos navios infestados, infectados
Da cor escravizada
Que povoou esta terra.
Falo da cor negra
Que brilha nesta raça forte,
Ainda discriminada.
Raça que carrega nas palmas das mãos,
Nas solas dos pés, no brilho dos dentes,
Nos olhos saudosos a cor branca de seus irmãos.
Falo da cor negra
Lustrosa, luzidia de eterno labor,
Curtida de sol, suor, trabalho, calor.
Falo da cor negra
Que embalou reis, rainhas, senhores, senhorinhas,
Abrindo caminhos, plantando, colhendo, lutando, dançando
E que traçou o destino de nossa Pátria gentil.
11NOV2011
SolCira
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