Lembranças dentro de uma caixa de biscoitos
Numa
caixa retangular de metal, já envelhecida pelo tempo, antiga embalagem de
Biscoitos Aimoré, traz guardado em seu interior pequenas lembranças de vida.
Esta caixa tem por mim reverência pois é muito mais idosa que eu. Caixa de Pandora.
Sua tampa mostra esmaecida a figura de alguns papagaios verdes, vermelhos e azuis.
Abri-la é minha intenção e pela curiosidade que causei em você irei contar algo de seu interior.
Esta é uma das caixas que me acompanha desde criança. É a primeira que abrirei.
Ela oferece resistência mas consigo abri-la.
Aparecem retratos, postais, negativos ( se você não sabe, negativo é a revelação de uma foto numa película semi-transparente ), etc.
Contar algo destas fotos é um exercício de grande prazer, mas também de tristeza.
Em fevereiro de 1969, Celio participou de uma viagem à Bahia e aparecem aqui algumas fotos marcando esta viagem, a primeira é a Igreja de Monte Serrat, o farol, o forte, o Pelourinho, a Catedral de Salvador.
Posso ver o olhar entristecido que mostravas nas fotos, e creio ser por estar longe de mim..
Aparece uma série de fotos feitas em novembro de 1969 onde Célio esteve em Curaçao, Porto Rico, etc.
Esta viagem foi feita à bordo do NAEL Minas Gerais.
Uma galera de sunga e óculos escuros aparece sorridente pegando um solzinho em meio à viagem, na pista do Navio Aeródromo. Achei interessante a foto de Célio à frente de um avião que está no navio, um brutamontes com as asas dobradas para cima. Pasmem, para caber vários aviões no navio as asas são móveis e podem ser dobradas como se fossem brinquedinhos ( hoje penso nos transformers ).
Ri muito quando ele mostrou uma foto com mais 04 colegas. Eles estavam num bar, disse ele que era o único bar aberto às 24:00 para que eles pudessem tomar um refrigerante. Olho bem a foto e vejo que realmente a mesa tem refrigerante. Um bando de marujos, fardados de branco, à meia-noite, num bar em Curaçao, tomando refrigerante. Esqueci um detalhe, uma vitrola, destas de bar, onde se coloca uma moeda e se escolhe a música...
Nesta viagem ele registrou o abastecimento de óleo feito no A11 Nael Minas Gerais pelo Petroleiro G27 Marajó, em alto mar.
Numa outra série de fotos aparece uma viagem à Espanha e Portugal. O frio intenso mostravam os marujos enluvados, em seus uniformes de cor azul-marinho, no cais de Lisboa onde se vê o Museu da Marinha em Lisboa e um jardim onde vejo uma estátua que eles acharam bonita, um homem peladinho, sentado numa pedra olhando interessado alguma coisa que segura em sua mão esquerda. De longe e pelo amarelamento da foto posso ver a força da musculatura e dos pequenos detalhes da estátua.
Na Espanha, mais correto em Cadiz, eles passaram pela Praça das Pombas, fazendo jus ao nome pois várias pombas estavam ali ( pombas racionais e irracionais ). Uma diversão a mais para os pobres marujos, longe de sua pátria mãe. Eles estavam de braços cruzados e muito indignados pois uma senhora passou e parou no exato momento da foto. Se fosse uma das palomitas da praça eles estariam mais contentes.
A máquina de retratos era automática e com um dispositivo temporizador e numa das fotos, após algum tempo esperando o clique da foto, Célio achou que estava demorando muito e se dirigiu até a máquina, só, que então clik. Foto pela metade.
Que impaciência, meu amor. A máquina te pegou numa surpresa.
Numa das fotos há um passeio de charrete pelas ruas de Cadiz mostrando várias crianças ao redor deles que jogavam moedas brasileiras, ao avanço. Crianças e marujos em plena diversão.. Nesta foto noto as casas com varandas floridas.
Voltando para o Brasil houve uma parada na Bahia, uma visita ao Pátio da Faculdade de Medicina, ao Museu de etnologia e uma linda estátua que parecia com Netuno com uma sereia.
Um amigo que conheci nesta época foi Arnaldo, nossa amizade ficou por longos anos. Ele, Josira e Bruno são pessoas que vivem em minha recordação.
SolCira
2016
Livro Só 04
Esta caixa tem por mim reverência pois é muito mais idosa que eu. Caixa de Pandora.
Sua tampa mostra esmaecida a figura de alguns papagaios verdes, vermelhos e azuis.
Abri-la é minha intenção e pela curiosidade que causei em você irei contar algo de seu interior.
Esta é uma das caixas que me acompanha desde criança. É a primeira que abrirei.
Ela oferece resistência mas consigo abri-la.
Aparecem retratos, postais, negativos ( se você não sabe, negativo é a revelação de uma foto numa película semi-transparente ), etc.
Contar algo destas fotos é um exercício de grande prazer, mas também de tristeza.
Em fevereiro de 1969, Celio participou de uma viagem à Bahia e aparecem aqui algumas fotos marcando esta viagem, a primeira é a Igreja de Monte Serrat, o farol, o forte, o Pelourinho, a Catedral de Salvador.
Posso ver o olhar entristecido que mostravas nas fotos, e creio ser por estar longe de mim..
Aparece uma série de fotos feitas em novembro de 1969 onde Célio esteve em Curaçao, Porto Rico, etc.
Esta viagem foi feita à bordo do NAEL Minas Gerais.
Uma galera de sunga e óculos escuros aparece sorridente pegando um solzinho em meio à viagem, na pista do Navio Aeródromo. Achei interessante a foto de Célio à frente de um avião que está no navio, um brutamontes com as asas dobradas para cima. Pasmem, para caber vários aviões no navio as asas são móveis e podem ser dobradas como se fossem brinquedinhos ( hoje penso nos transformers ).
Ri muito quando ele mostrou uma foto com mais 04 colegas. Eles estavam num bar, disse ele que era o único bar aberto às 24:00 para que eles pudessem tomar um refrigerante. Olho bem a foto e vejo que realmente a mesa tem refrigerante. Um bando de marujos, fardados de branco, à meia-noite, num bar em Curaçao, tomando refrigerante. Esqueci um detalhe, uma vitrola, destas de bar, onde se coloca uma moeda e se escolhe a música...
Nesta viagem ele registrou o abastecimento de óleo feito no A11 Nael Minas Gerais pelo Petroleiro G27 Marajó, em alto mar.
Numa outra série de fotos aparece uma viagem à Espanha e Portugal. O frio intenso mostravam os marujos enluvados, em seus uniformes de cor azul-marinho, no cais de Lisboa onde se vê o Museu da Marinha em Lisboa e um jardim onde vejo uma estátua que eles acharam bonita, um homem peladinho, sentado numa pedra olhando interessado alguma coisa que segura em sua mão esquerda. De longe e pelo amarelamento da foto posso ver a força da musculatura e dos pequenos detalhes da estátua.
Na Espanha, mais correto em Cadiz, eles passaram pela Praça das Pombas, fazendo jus ao nome pois várias pombas estavam ali ( pombas racionais e irracionais ). Uma diversão a mais para os pobres marujos, longe de sua pátria mãe. Eles estavam de braços cruzados e muito indignados pois uma senhora passou e parou no exato momento da foto. Se fosse uma das palomitas da praça eles estariam mais contentes.
A máquina de retratos era automática e com um dispositivo temporizador e numa das fotos, após algum tempo esperando o clique da foto, Célio achou que estava demorando muito e se dirigiu até a máquina, só, que então clik. Foto pela metade.
Que impaciência, meu amor. A máquina te pegou numa surpresa.
Numa das fotos há um passeio de charrete pelas ruas de Cadiz mostrando várias crianças ao redor deles que jogavam moedas brasileiras, ao avanço. Crianças e marujos em plena diversão.. Nesta foto noto as casas com varandas floridas.
Voltando para o Brasil houve uma parada na Bahia, uma visita ao Pátio da Faculdade de Medicina, ao Museu de etnologia e uma linda estátua que parecia com Netuno com uma sereia.
Um amigo que conheci nesta época foi Arnaldo, nossa amizade ficou por longos anos. Ele, Josira e Bruno são pessoas que vivem em minha recordação.
SolCira
2016
Livro Só 04
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